Nos últimos 12 anos, pelo menos 52 pessoas morreram em
atentados em instituições brasileira.
Por Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação 1Bi
(Imagem: Reprodução Mídia Ninja - Gabriela Nogueira)
A violência nas escolas é um problema que vem afetando muitos países, incluindo o Brasil, que ao longo do último ano teve a frequência de ataques aumentada, com 5 ataques fatais registrados desde setembro de 2022 até abril de 2023. Considerando os casos dos últimos 12 anos, pelo menos 52 pessoas morreram em atentados em instituições brasileira.
Esses problemas podem ter um impacto significativo no bem-estar dos estudantes e na qualidade da educação que recebem. É importante que as escolas, as comunidades e o governo trabalhem juntos para criar um ambiente seguro e acolhedor para todos os estudantes.
Atualmente, em média, menos de 2% dos orçamentos públicos de saúde são alocados para a saúde mental globalmente, sendo que a situação é ainda pior em países de baixa e média renda, em que se gasta menos de dois dólares per capita no tratamento e prevenção de transtornos mentais, comparado com um investimento de 50 dólares per capita em países de alta renda.
Se pensarmos que a saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, cuidar das nossas crianças em ambiente escolar e promover a saúde mental, faz com que no futuro elas tenham possibilidade de seguir com a economia do país. Aqui eu não estou só falando de ações pontuais em meses específicos, ou apenas da ampliação de acesso aos serviços de saúde, mas sim de tratar, capacitar, engajar profissionais para atuarem em ambiente escolar, terem um olhar cuidadoso e empático para os estudantes em seus territórios e identificarem necessidades e buscarem meios de atuação.
Precisamos nos atentar que em debates sobre saúde mental, tópicos que envolvem outras necessidades do grupo escolar precisam ser consideradas, tais como: saúde, alimentação, moradia, educação, trabalho, renda, saneamento básico, entre outros, já que a composição deste todo afeta a comunidade.
A saúde mental no Brasil, em especial na comunidade escolar, já era um assunto negligenciado mesmo antes da pandemia, contudo o impacto do isolamento e do temor causados pelo coronavírus tendem a aumentar ainda mais o crescimento substancial em transtornos de depressão e ansiedade.
O perfil dos ataques
Os ataques acontecem em sua maioria por meio de armas de fogo, que se tornaram mais acessíveis com a flexibilização de regras promovida em 2019. Em seis de cada dez casos, os autores dos crimes já tinham à mão as armas de fogo utilizadas nos ataques, já que pertenciam a familiares que residiam na mesma casa que eles. Em 40% das ocorrências, as armas pertenciam a um agente de segurança e em 20% foram roubadas do proprietário e revendidas ou vendidas diretamente por ele.
Todos os casos até hoje, no Brasil, foram cometidos por meninos ou homens, sem ajuda, com média de idade de 16 anos, que era aluno ou ex-aluno da escola alvo do ataque, e que colocam como alvo em sua maioria pessoas que tiveram algum vínculo.
Como combater?
É indispensável que a gestão se preocupe em formar a sua equipe docente para lidar com a violência escolar. A escuta e o incentivo ao diálogo, são passos iniciais importantes para a criação de rede de apoio e combate a violência.
Iniciar processos de formação especializado em âmbito governamental, de equipes que monitores redes sociais, com capacidade de análise de risco para atuações preventivas;
Criar programas específicos de saúde mental para estudantes, pensando em abordagens e mediações , com profissionais capacitados que possam tratar assuntos com bullying, não podemos sobrecarregar professores ou outros agentes atuantes nas escolas, com mais esta responsabilidade;
Rever facilitação de acesso a armas de fogo para adolescentes e fiscalizar melhor compras e registros, e punir pessoas que facilitam este acesso;
Criar ações e punir pessoas que disseminam fake news, ou outras mensagens, para evitar pânico na comunidade escolar.
É importante ressaltar que as escolas devem ser lugares seguros e acolhedores para os nossos estudantes e professores, onde as crianças e jovens possam se desenvolver, sem medo da violência. Este diálogo precisa ser ampliado para que realmente tenhamos uma sociedade segura e empática.