top of page

Inovação com propósito: Como a IA pode, de fato, promover a Equidade na Educação Pública.

Por: Kelly Baptista, presidente da Fundação 1Bi.


A Inteligência Artificial (IA) chegou à educação pública. Não como uma revolução distante, mas como uma ferramenta concreta que exige de nós uma pergunta fundamental: estamos usando a IA para inovar ou para perpetuar as desigualdades?


Para a Fundação 1Bi, que atua diariamente nas escolas públicas, a resposta reside no equilíbrio. Não basta apenas implementar a tecnologia; é preciso que ela sirva a um propósito maior, o da equidade. Isso significa focar a inovação em quem mais precisa: o professor da rede pública, muitas vezes sobrecarregado, e o aluno, que em situação de vulnerabilidade, precisa de atenção individualizada.


O maior desafio da inteligência artificial é garantir que ela não amplie as desigualdades já existentes, como a lacuna digital e educacional. Sem infraestrutura adequada, acesso à internet de qualidade e formação apropriada, a tecnologia se torna um privilégio, e não um direito. Estudos no Brasil, como "A desigualdade digital como fator limitante à democratização das inovações tecnológicas" (Cemipa, 2025), ressaltam que a inovação precisa ter inclusão digital e simplificação de uso como alicerces, especialmente na educação pública.


A IA como Aliada do Educador: O Exemplo Prático do AprendiZAP

Na Fundação 1Bi, acreditamos que a inteligência artificial não veio para substituir o professor, mas para ser a sua maior aliada. Se há algo que os educadores conhecem na prática, é a falta de tempo. É justamente nesse ponto que a tecnologia deve atuar: liberá-los para que assumam plenamente o papel insubstituível de mediadores pedagógicos e cuidadores humanos.


O desenvolvimento de ferramentas como o AprendiZAP exemplifica essa filosofia na prática. Ao utilizar IA para criar, de maneira rápida e eficaz, milhares de atividades baseadas em metodologias ativas, removemos horas de tarefas repetitivas da rotina do professor. O resultado? Mais tempo livre para o que realmente importa:

1. Personalizar o Ensino: Adaptar o conteúdo para atender melhor às necessidades específicas de cada aluno ou turma, potencializando resultados.

2. Aprofundar a Relação Pedagógica: Focar no diálogo, na escuta ativa e nas intervenções pedagógicas, que são os verdadeiros motores da aprendizagem significativa.

Esse modelo de inovação educacional reforça nossa visão de que a tecnologia deve ser um motor de transformação social, alinhada a propósitos éticos e inclusivos:


"A tecnologia deveria ser usada para promover uma educação mais democrática e inclusiva, e não para fomentar apenas o lucro de empresas privadas" (EduCAPES, 2024).


Nosso compromisso, enquanto Fundação, é garantir que essa poderosa ferramenta seja acessível, ética e voltada para resultados reais na educação. Afinal, acreditamos que quando o professor tem tempo e apoio, a transformação acontece dentro e fora da sala de aula.


A Inteligência Artificial (IA) precisa ir além de ser apenas uma ferramenta isolada na educação pública; ela deve se tornar uma política robusta de equidade. Para garantir que a inovação tecnológica reduza as desigualdades em vez de aprofundá-las, o Brasil deve focar em três frentes inegociáveis.


Três Pilares para uma Inovação Equitativa

  1. Formação Crítica do Professor: O educador é o arquiteto central da aprendizagem. Ele precisa ser capacitado não apenas a usar a IA, mas a questionar seus vieses e limites, mantendo a centralidade humana no processo. É o professor quem impede o uso acrítico da tecnologia.

  2. Ética e Transparência de Dados: Em um sistema que lida com dados sensíveis, a privacidade e a confiança pública são a base. É vital garantir total transparência sobre como as informações são coletadas e usadas, conforme apontado por estudos nacionais como "Inteligência artificial na educação: vislumbrar possibilidades e minimizar desafios" (Jornal da USP, 2024).

  3. Desenvolvimento Nacional de Soluções: A IA na educação precisa refletir a nossa diversidade. É crucial apoiar a criação de soluções brasileiras, como o INCT IA.Edu, focadas em contextos de restrição de recursos e nas realidades do nosso sistema público.


A tecnologia é o meio, e não o fim. Ao priorizar soluções práticas, éticas e centradas no professor, a IA se consolida como uma aliada estratégica da equidade no Brasil.


Para acelerar essa transformação, devemos inserir o letramento em IA,  nos currículos de formação de novos educadores, transformando-os em protagonistas.


ree



 
 

Conteúdo Fundação 1Bi

bottom of page